domingo, julho 25, 2010
Velhice, palavra quase proibida;terceira idade, expressão quase hegemônica
Annamaria da Rocha Jatobá Palacios
Nesse texto a autora Annamaria da Rocha faz uma análise da inter relação entre os termos velhice e terceira idade, na perspectiva de Norman Fairclough ( 2001), a qual busca pontuar o fenômeno de mudanças do discurso publicitário de cosméticos em revistas femininas, que paralelo às transformações sociais da contemporaneidade, esta salienta no texto um ponto de tensão entre os dois termos ao passo que analisa a substituição gradual de um termo pelo outro.
Annamaria destaca a existência de duas visões conflitantes da velhice: a primeira fortalece a compreensão desse processo através dos enunciados dos cosméticos que trazem implícitos como uma época sombria, onde o indivíduo já está em sua fase final de vida. A outra aponta para a existência de uma terceira idade que nos remete à compreensão de fases anteriores e ainda que aponte para a fase final da vida, segundo a autora, não faz alusão direta a vocábulos marcados semanticamente como velhice senilidade e envelhecimento.
É bem interessante nesse texto quando a autora cita Andrew Blaike ( 1995) onde este associa a generalização do termo terceira idade para se referir a velhice, com a mudança de valores relacionados com a pós – modernidade. Ele enfoca o envelhecimento a partir de perspectivas que privilegiam as dimensões discursivas de construção social de imagens e identidade. Annamaria chama a atenção do leitor para as mudanças demográficas que ocorreram nas últimas três ou quatro décadas e que tornaram-se globais, levando a criação de um grupo de terceira idade. Nesse processo o Brasil não ficou de fora. O declínio da taxa de natalidade, por conta dos métodos contraceptivos e outras tantas mudanças sociais, modificaram a estrutura etária da população. Segundo a autora é nesse momento histórico da década de 90 que uma segmentação do discurso publicitário de cosméticos passa a inserir produtos direcionados especificamente para faixas etárias determinadas. Esses mesmos anúncios nessa época já preconizam que os cuidados com o corpo deveriam se iniciar aos 20 e não aos 30 ou 40 anos. A busca pela juventude resulta em um comportamento ativo de combate a velhice.
A autora sinaliza que nesse processo de luta articulatória entre os dois termos observado em um mesmo corpo, mas que é representado por uma simples correlação, permite-se afirmar que se chegar à velhice implica também ter se chegado à terceira idade. A mesma conclui que falar em terceira idade ou velhice ainda representa uma ambivalência semântica , mesmo que haja uma relação de assimetria entre os sinais de desaparecimento de um termo e de sua substituição por outro.
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